terça-feira, 23 de setembro de 2008

Resenha: Filme “O Informante”


O filme O informante, dirigido por Michael Mann e escrito em parceria por Mann e Erich Roth conta a história real de Lowell Bergman, produtor do famoso 60 minutes da rede americana de televisão CBS, e do cientista Jeffrey Wigand, ex-pesquisador de uma grande empresa de tabaco, a Brown & Williamson, e aborda as relações existentes nos bastidores da mídia.
“O Informante” discuti a analogia entre a mídia e a fonte. Lembrando que a confiança é um atributo essencial e indispensável na relação entre fonte, jornalista e empresa. Em qualquer produção jornalística se faz necessária a existência de uma fonte, onde o jornalista procura saciar sua sede da mais pura água. E é através dessa água pura, transparente e confiável, ele checa a qualidade e a veracidade, em prol da credibilidade de seu produto.
A história gira em torno de um cientista que, após sua demissão da empresa por se recusar continuar compactuando com ela após a constatação, por meio de experimentação científica, de como o método de produção do cigarro perpetuava o vício da nicotina, passa a ser perseguido por seus antigos chefes. Os seus empregadores ficam com receio de que ele viesse a revelar o segredo para a população, o que abalaria os negócios da empresa.
Jeffrey Wigand mesmo estando incomodado com a postura de desconfiança da empresa, ele se mostra totalmente decidido a dar continuidade com o acordo assumido. Mas seu encontro com o Lowell Bergman, produtor de um programa televisivo de grande audiência nos Estados Unidos, e a intensa pressão da empresa sobre para que assine outros documentos que garantam o seu silêncio, levam o cientista a refletir sobre a sua responsabilidade com relação ao segredo que guardava.
Bergman o convence assim, a ser seu informante e a depor sobre todas as informações que tinha conhecimento a respeito. O produtor assume, portanto, uma posição de mediador entre a ciência e a linguagem popular. Começando a relação entre fonte e jornalista.
A proposta fica mais excitante por envolver a discussão da liberdade da imprensa, à medida que é o produtor do programa de televisão instiga o cientista a revelar o segredo, mesmo que isso lhe traga uma série de problemas, desde a falta de colocação no mercado de trabalho até mesmo a prisão ou a morte. A partir daí começa a luta do valente produtor para que a denúncia-"bomba" seja exibida.
O discurso é qual o direito da imprensa de fazer pressão sobre um cidadão e, ao mesmo tempo, se o compromisso que diz ter o produtor para com o seu público é mesmo este ou está muito mais ligado ao impacto que esse tipo de revelação causa para a emissora que aí, esta sim, também se vê beneficiada com o furo.
Outros pontos abordados foram à questão do compromisso, da responsabilidade e da reciprocidade com a fonte. Sabendo que o jornalista é o grande instrumento para a nobre função de democratizar a informação. E a boa informação requer responsabilidade do profissional de imprensa e da fonte de informação. Quanto mais o jornalista se mostra isento e competente, mais ele ganha a confiança da fonte; E quanto mais a fonte se mostra isenta e competente, mais ela ganha a confiança do jornalista.
O Informante nos leva a refletir e a filosofar sobre esses temas que nos é tão caro e tão presente, os negócios e a ética, o lucro e a cidadania. Que novos e velhos jornalistas estão a enfrentar diariamente nas grandes e pequenas empresas de comunicações.




Michel Barros




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